Vicky: Então é aqui, que está acontecendo o casamento do ano? – disse aplaudindo e se aproximando.
Meu coração batia tão acelerado, minha respiração estava tão ofegante,
que eu mal conseguia ficar em pé
Chay: Am...amor, eu...eu acho que
bebi demais ...eu estou vendo coisas – disse me apoiando em Melanie
Vicky: Oi meu bem – disse sorrindo
Sophia: Prontinho, já está tudo pronto para os pombi...-parou assim que
terminou de descer as escadas
Mica: Ih rapaz, o que tinha nesse champanhe? -disse se aproximando
Sophia: Esperai...eu...não...não é possível
Mica: Você também está vendo?
Chay: Vi..Vicky – disse em uma voz tremula
Mica: Não, não é possível
Vicky: Oi, cunhado –disse sorrindo
Sophia: Como isso é possível?
Vicky: Achou que eu estava morta, cunhadinha?
Chay: Você está morta
Vicky: Você me enterrou?
Chay: Sophia, Mel...acho que eu estou delirando...- disse tentando
respirar
Vicky: Eu não morri, meu bem
Mica: Como não? Como pode isso?
Vicky: Eu estou aqui, bem na frente de vocês. Quer me tocar?
Chay: Se você não morreu...o que...o...onde você esteve, todos esses
anos?
Vicky: Nossa, como está diferente as coisas por aqui – disse andando
pela sala e pegando um porta-retrato meu e de Melanie, olhou e logo colocou no
lugar
Sophia: Victória, que brincadeira é essa? Onde você esteve durante todo
esse tempo?
Vicky: Eu achei que você iria demorar mais tempo, para me substituir,
meu bem
Chay: Não me chama de meu bem...Onde você esteve, Victória?
Mica: Como você sobreviveu aquele acidente?
Chay: Não, não pode ser. Eu nadei por horas atrás de você. Foram meses e
meses de buscas.
Vicky: Mas eu sobrevivi
Sophia: O que aconteceu depois? DEPOIS VICKY? Nós queremos saber o que houve depois
Vicky: Tudo bem. Eu irei contar tudo. Até porque, você merece a verdade,
meu bem – disse e olhou para Melanie, que estava intacta.
Chay: Isso é um pesadelo, só pode ser – disse respirando fundo
Vicky: Eu cai do barco, bati a cabeça, e acordei algum tempo depois, em
outro barco. Eu fui socorrida por um homem muito poderoso. Nós conversamos, e
ele me fez um convite, e eu aceitei, de imediato, sem nem pensar.
Mica: Convite?
Sophia: Do que você está falando, Vicky?
Vicky: Eu estava cansada do meu casamento com Chay, estava cansada
daquela vida de dona de casa, recém parida, de gêmeos. Estava cansada de tudo.
Eu nunca quis essa vida Chay. Mas você, não percebeu...Nós estamos sempre
brigando, eu estava sempre chateada, de ter que cuidar das crianças, enquanto
você se dedicava ao trabalho...Eu havia pedido o divórcio, lembra? Eu não
estava mais aguento, na verdade, eu já estava surtando. E de repente, eu me vi, com uma oportunidade,
de poder realizar todos os meus sonhos. De viajar, de conhecer o mundo...Eu fui
por resgatada um cara, que é dono de uma casa noturna na Espanha. E ele se
encantou comigo, com a minha história. Disse que se eu quisesse, poderia voltar
com ele para a Espanha...E eu aceitei...e logo, virei mulher dele.
Mica: Esperai, você virou mulher de cafetão?
Vicky: Ele me deu tudo o que eu sempre quis, viagens, uma vida de luxo,
vida de curtição, e juntos, viramos um casal imbatível. O nosso bordel, é um
dos melhores. Eu me encantei com essa vida, as festas, as bebidas, os
luxos...tudo
Chay: Eu não estou ouvindo isso...não...não estou
Sophia: Então, enquanto todos achavam que você havia morrido, você
estava curtindo a vida?
Vicky: Sim. Foi isso mesmo. Mas, eu, eu te...- a interrompi
Chay: VOCÊ O QUE, VICTÓRIA? Vai dizer que se arrependeu? Você forjou a
sua própria morte, e abandonou seu marido e SEUS FILHOS, para ser mulher de
cafetão? Para trabalhar em um bordel? Você é louca. Você é psicopata. Meu Deus,
como, eu pude...como eu pude sofrer por você?
Você tem noção do que eu passei?
Vicky: Eu posso imaginar, Chay
Chay: Não, você não pode. Você não pode e se quer, consegue imaginar o
que eu passei. Vicky, eu sempre te dei tudo, eu te tratava feito Rainha, e você
forja uma morte, e me deixa sozinho para criar nossos filhos?
Vicky: Chay eu nunca quis ser mãe. Eu nunca quis uma família. Nunca quis
casar. Esses eram seus sonhos. E você não enxergou isso. Você me sufocava
Chay: Nada do que você disser, é capaz de explicar o que você fez.
Victória, eu passei anos, me culpando por sua morte. Anos, ouvindo a SUA MÃE me
culpar, me infernizar. Eu passei anos, ANOS, de luto. Victória, eu não acredito
que você foi capaz de fazer isso...Não acredito
Sophia: Eu sempre soube que você não prestava, mais a esse ponto?
Vicky: Chay, tenta me entender. Eu não estava mais aguentando aquela
vida. Eu pedi o divórcio, eu tentei explicar. Mas você não queria aceitar, você
achava que éramos uma família feliz
Chay: Te entender? Por acaso você pensou nos seus filhos, pelo menos?
Victória passaram-se ANOS. E você nunca, quis saber dos seus filhos? Como eles
estavam? Se eles lembravam de você? Meu Deus, eu não acredito que um dia eu
amei essa mulher.
Vicky: Não fala assim, nós fomos felizes...até certo tempo...Eu te amei
Chay, do meu jeito torno...Mas eu queria mais...eu necessitava...era mais forte
que eu
Chay: Amor? Não, você não sabe o que é isso, Vicky...Não...não mesmo.
Meu Deus, como eu pude ser tão idiota...Como eu pude, amar, sofrer, me culpar,
por causa de você? Eu sofri os piores anos da minha vida. Enquanto você estava
curtindo, enquanto estava com outro.
Vicky: Não foi fácil tomar essa decisão e mantê-la. Mas eu sabia que
você seria o melhor pai do mundo.
Sophia: Ah claro, é fácil falar isso né?
Vicky: Só que os anos foram se passando, e eu via as coisas que a Sophia
postava no Instagram. Via o tempo passar, e eles crescendo, se desenvolvendo...
e como eles estavam ficando lindos...E a vontade de vê-los, foi aumentando...Eu
tentava ver as coisas no seu Instagram também, mas você postou tão pouco,
durante esses anos...
Chay: Porque eu estava de luto, eu demorei muito tempo, para conseguir
me reerguer, tentar seguir em frente, ser um bom pai para eles. Conseguir tocar
a minha vida.
Vicky: E de dois anos pra cá, essa vontade foi aumentando, aumentando, e
eu ficava pensado uma maneira de ter noticias deles, mas nada...nada vinha em
mente...Eu pensei em voltar, mas fiquei com medo, da sua reação.
Mica: Se há dois anos atrás você ficou com medo, porque não ficou agora?
Já são seis anos Vicky
Chay: 6 anos que você abandonou seu marido e seus filhos, para viver a
vida que sempre quis.
Vicky: Porque Mica, eu sabia que o Chay me amava. Aliás, eu tinha
certeza. Eu tinha certeza que ele me amava loucamente, e que iria me perdoar, mesmo
eu demorando mais tempo para voltar. Eu achava que ele nunca mais iria se
relacionar com ninguém. Eu me garanti com o sentimento que ele tinha por
mim...Mais ai...apareceu ela, ano passado – disse olhando para Melanie
Sophia: Ah então você achava que ele iria viver o luto eterno? E por
isso, preferiu demorar mais tempo para voltar?
Chay: Você é doente, você é um monstro
Vicky: É, é isso Sophia...eu achava que ele era incapaz de amar outra
pessoa, além de mim.
Mica: Só que, você achou errado
Vicky: É...eu me enganei...ele acabou se apaixonando por uma
vagabundinha qualquer
Chay: Olha como você fala dela. Eu não iria permi...-ela me interrompeu
Vicky: É vagabunda sim – disse gritando
Mica: Victória, o Chay seguiu com a vida dele. E você não tem direito
algum de chegar aqui, e ofender a Melanie
Mel Narrando
Eu sabia...eu sabia que isso um dia iria acontecer. Mas nunca, nem nos
meus piores pesadelos, eu poderia imaginar, que isso aconteceria hoje, no meu
casamento. Desde o momento que ela chegou, eu não conseguia dizer uma palavra,
eu fiquei intacta, desacreditada...Eu observava tudo, tentando pensar no que eu
poderia fazer, para me explicar...porque eu sabia, ela iria chegar até a
mim...E chegou...ela já tinha contado toda a sua história, agora, iria contar a
minha. Ela veio se aproximando e me olhou nos olhos, me olhou da cabeça aos pés
e sorriu irônica. E agora, eu sabia...tudo iria mudar.
Vicky: Melanie – disse se aproximando
Mel: Vic..Vicky
Chay: Se afasta dela – disse entrando na minha frente
Vicky: É vagabunda sim
Chay: Lava sua boca, para falar dela.
Vicky: É vagabunda, e eu posso provar.
Chay: Para de falar assim de Mel.
Mel: Vicky...por favor...eu te imploro – disse tremula.
Vicky: É vagabunda sim, e de carteirinha – disse pegando algumas fotos
em sua bolsa e entregando para ele.
Meu coração disparou, minhas pernas ficaram trêmulas, aliás, meu corpo
todo tremia...
Vicky: Você achou que ela era um anjo né? Uma doce menina. Um anjo que caiu do céu. Um presente de Deus...Não, não é. Ela não passa de uma vagabunda – disse enquanto ele passava as fotos. Fotos essas, minhas, quando trabalhei no bordel. Fotos, no qual eu estava vestida de prostituta. Fotos com outros homens.
Sophia: Deixa eu ver isso aqui
Vicky: Vagabunda que EU CRIEI. Você acha mesmo, que foi Deus, que
enviou, Melanie? Pois eu te digo...Não, não foi. EU MANDEI MELANIE PARA CÁ
Mica: Meu Deus, agora o circo pega fogo de vez
Ele foi virando lentamente, e quando ele me olhou, eu sabia...EU PERDI O
DOUTOR, PARA SEMPRE!
As lágrimas já escorriam pelo meu rosto
Chay: Isso...isso é mentira...Você está inventando isso – disse olhando
para ela
Vicky: Fala Melanie, fala para ele
Mel: É verdade – sussurrei
Chay: É o que? – disse me olhando
Mel: É verdade – disse chorando
Chay: Melanie – sussurrou
Mel: É verdade. Eu fui prostituta. E eu vim trabalhar aqui, a mando da
Vicky
Mica: Eu não estou acreditando nisso.
Sophia: Melanie – disse indignada
Vicky: Eu disse – disse sorrindo
Mel: Você não tinha direito de fazer isso – disse olhando para Vicky e
chorando
Vicky: E você não tinha direito de seduzir meu marido e mentir para mim
Mel: Eu...eu...deixa eu explicar? – disse olhando para o Doutor
Chay: Diz, diz que não fez isso comigo?
Mel: Eu não tive escolhas...eu precisava sair daquela vida de
prostituta. E quando a Vicky me ofereceu a vaga da babá...eu não pensei duas
vezes. Eu voltaria para o meu país, e poderia ter um emprego digno. Eu não sou
prostituta. -disse chorando
Vicky: O Max, providenciou tudo e logo ela veio para o Brasil
Mel: A Vicky tinha me contado tudo sobre vocês. Sobre Mica ser delegado,
e super protetor. Sobre Sophia e o senhor serem médicos. Foi tudo planejado.
Ela fez um currículo pra mim, ela disse que vocês estavam contratando...
Mica: Enquanto, quando eu liguei para pegar referências sobre você
Vicky: Eu tinha dado o contato de umas pessoas conhecidas. Pedi que
falassem que a Mel era uma ótima babá.
Chay: Quem é Max?
Vicky: É o meu companheiro...ou era...ele ficou furioso quando eu decidi
voltar.
Chay: Eu já ouvi esse nome antes
Mel: Ele...ele é filho da Dona Vera
Rapidamente me olhou
Chay: Não...não...não...não. A Vicky estava com o filho da Dona Vera, e
todo mundo sabia, menos eu? Era por
isso, que ela sempre me tratou com tanto carinho? Ela sabia que o filho dela,
estava com a Vicky...Meu Deus
Mel: Sim...continuando...eu vim trabalhar aqui, eu não tinha outra
opção, além de conseguir a vaga...se não, eu teria que voltar para o bordel. E
era tudo o que eu não queria...Eu consegui o emprego, e eu contava as coisas
para a Vicky...mas...o tempo foi passando, nós somos nos aproximando, e, eu não sabia mais como contar a verdade,
Doutor. E por outro lado, eu sempre achei um absurdo o que a Vicky fez
Chay: Achou um absurdo, mas concordou com esse plano?
Mel: Doutor, eu concordei, porque eu não queria aquela vida de
prostituta...E com o passar do tempo, eu fui parando de contar tudo para
Vicky...porque eu...eu achava que ela não merecia...Ela não quis essa vida. Eu
não contei muitas coisas
Vicky: Além de vagabunda, é uma desgraçada
Mel: Vicky, eu me apaixonei pelo seu marido, como eu podia te contar
isso? Como eu podia te contar, que estava completamente louca por ele?
Sophia: Espera, eu só não entendi uma coisa. Como vocês se conheceram?
Porque a Melanie é nova, há 6 anos atrás, era menor de idade, você já era
prostituta?
Mel: Não...Eu namorei o Jorge, e ele ganhou uma vaga para trabalhar na
filial da Espanha, fui com ele, e o resto, vocês sabem...um dia ele me agrediu
e eu fugi, fiquei dias na rua, e quando ele me achou novamente, eu fugi de
novo...eu morei 2 anos na Espanha, mas eu não sabia me comunicar, não conhecia
nada, eu vivia presa dentro do apartamento. Eu estava na rua, com medo, com
fome, praticamente nua, e quando estava correndo do Jorge, eu...eu capotei, em
cima do carro da Vicky. E eu não sei o porque, mas ela me ajudou. Ela me deixou
entrar no carro e me tirou dali. Me ofereceu trabalho no bordel e eu recusei.
Ela me deixou numa estação e eu fiquei com seu cartão
Vicky: E como eu imaginava, ela apareceu no bordel. Aceitou a trabalhar.
E virou prostituta
Mel: Contra minha vontade. Eu pedi, eu implorei para fazer qualquer coisa. Mas...eu tive que virar prostituta. E só depois a Vicky teve a ideia de mandar você para o Brasil. Isso tudo foi alguns dias antes, de eu vir, trabalhar aqui.
Vicky: Depois que ela deu alguns prejuízos e o Max já estava de saco
cheio dela.
Mel: Doutor, eu...eu fiz por necessidade. Quando, quando eu vim
trabalhar aqui, foi a mando da Vicky sim...Mas, depois, eu me apaguei as
crianças, eu amei esse trabalho, e tudo o que eu senti foi verdadeiro.
Chay: Melanie, eu não estou acreditando, que você...logo você...fez isso
comigo – Disse me olhando triste...Ele estava tão abalado
Mel: Doutor, por favor, me escuta?
Chay: Eu não quero ouvir mais nada. Chega, já deu...O que é isso, pelo
amor de Deus? O que eu fiz, para merecer isso?
Mel: Doutor, eu juro, eu juro, que tudo que eu disse é verdade. Que tudo
o que eu senti foi verdadeiro. Que tudo o que eu fiz, desde o dia que cheguei
aqui, foi com todo amor do mundo – disse me aproximando dele
Chay: Não, não toca em mim – disse se afastando
Mel: Doutor – disse chorando
Chay: Melanie, a Vicky não me amar, e fazer o que fez, eu entendo...por
mais que doa...eu entendo. Porque, foi o que ela disse, ela nunca quis essa
vida. Agora, você...Melanie, eu via amor no seu olhar. Você demonstrava tanta
felicidade, em estar comigo, com as crianças, em cuidar da gente...Como, como
você foi capaz, de mentir pra mim?
Mel: Doutor...eu....eu não...não tinha escolha. – disse chorando
Chay: Você sabia que ela estava viva e não me contou? Você deixou eu me
desestabilizar com a audiência de guarda, perder a cabeça diversas vezes,
tentando fazer Teresa entender que eu não era assassino. Melanie, como, como
você pode fazer isso, comigo?
Mel: Me perdoa?
Chay: Te perdoar? Quantas vezes eu disse que não suportava mentiras,
Melanie? E pior, tão grave assim.
Vicky: Como eu pude pensar que você era só uma menina boba? Enquanto eu
achava que você estava cuidando dos meus filhos, você estava dormindo com meu
marido
Chay: EX. EX-MARIDO. E MEUS FILHOS.
Vicky: Eu não morri. Então você continua casado comigo
Mel: Como que é?
Vicky: Você acha mesmo que esse casamento tem validade, queridinha?
Mel: Doutor – disse olhando para ele desesperada e chorando
Vicky: Ele é meu marido
Sophia: E o tal do Max?
Vicky: Eu nunca me casei no papel com ele. Até porque, eu já sou casada.
Mica: Victória, você é maluca. Totalmente
Vicky: Cadê meus filhos? Eu quero ver meus bebês!
Chay: MEUS FILHOS. O que é? Você esqueceu que os abandonou? Acha mesmo
que agora, vai fazer parte da vida deles?
Vicky: Eu tenho direito
Chay: Direito? Que direito eles tiveram de ter uma mãe? Você acha o que?
Que foi fácil chegar até aqui? Quando você sumiu, eles tinham apenas 2 meses,
eles sofreram por não ter a amamentação da mãe, e tiveram que contar uma
paciente minha, que tinha virado mãe recentemente, que os amamentava. Quando
Léo teve bronquite, eu estava com ele. Quando Bella teve pesadelos a noite, eu
estava com ela. Quando Léo ganhou o campeonato de futebol, eu estava com ele.
Quando Bella correu risco de perder a memória, eu estava com ela. Eu, e claro,
Sophia e Mica, que foram como pais para eles. Nós estávamos com eles, quando
começaram a engatinhar, quando ficaram chatinhos porque estava nascendo os
primeiros dentinhos, quando tiveram febre, quando caíram, quando começaram a
falar. E até Melanie, desde que chegou, que ensinou muitas coisas para eles. Nós
estivemos com eles, em todos os momentos. Quando eles precisavam de você, você
preferiu, ir viver sua vida. Então, não é hoje, não é agora, que eles vão
precisar te conhecer. A Bella e o Léo, só tem pai, madrinha e padrinho. Você
não é mãe.
Sophia: Eles não lembram de você
Vicky: Eles têm o meu sangue, saíram de mim.
Chay: Dar a luz, qualquer uma é capaz.
Vicky: Menos a sua irmãzinha
Mica: Epa, epa, o que é isso?
Sophia: Ah estava demorando né Victória? Pelo jeito não mudou nada
Vicky: Vocês não podem me impedir
Mica: Eles não estão aqui, ou você não percebeu ainda?
Chay: Victória, sai da minha frente, agora.
Vicky: Eu vim para ficar, na nossa casa
Chay: Victória, você realmente achou, que depois de sumir por anos, ao retornar,
que tudo estaria no mesmo lugar? Que teria sua vida de volta?
Sophia: Você não vai ficar aqui queridinha. Essa casa não é sua
Vicky: E nem sua. Sophia vai cuidar da sua vida.
Sophia: Acho que você esqueceu, que essa casa é herança da família né?
Chay: Victória, tudo o que você tinha, há 6 anos atrás, hoje você não
tem mais. Nosso casamento, nossos filhos, e tão pouco essa casa.
Vicky: Eu sei que o que sente por essa vagabundinha, não chega perto, do
que sentiu por mim
Chay: Eu só estou conseguindo sentir desprezo por você. E ódio de mim,
por ter sido tão besta, por todos esses anos.
Vicky: Tudo bem, eu sei que foi um choque tudo isso. Eu vou dar o tempo
que precisa.
Mica: Eu confesso, que em todos esses anos, como delegado. Nunca vi uma
pessoa mais cara de pau, do que você
Vicky: Vocês não têm direito de me julgarem. Eu tinha meus motivos.
Chay: E com esses mesmos motivos, você deveria ter ficado onde estava.
Vicky: Eu não vou deixar que ela tome, o meu lugar
Chay: Vicky, sai, sai da minha frente agora.
Vicky: O tempo só te fez bem, você continua mais lindo, do que da última
vez, que nos vimos, meu bem. – disse acariciando o rosto dele.
Ela pegou sua bolsa e saiu
Mica: Ou eu bebi muito, ou isso realmente aconteceu?
O Doutor rapidamente me olhou
Chay: E você?
Mel: O que tem eu?
Chay: Está esperando o que, para pegar suas coisas e ir embora?
Mel: Doutor -disse chorando
Mica: Melanie o que você fez é muito grave
Mel: Mica, me desculpa? Por favor, me desculpem? Eu não queria, não
queria ter feito nada disso.
Chay: Olha pra mim, pra mim Melanie. Aliás, seu nome é Melanie
mesmo? Porque, eu já nem sei mais nada
Mel: É, é claro que é – disse chorando
Chay: Você se casou comigo, mesmo sabendo que estava escondendo essa
história absurda, Melanie?
Mel: Doutor...eu te amo...eu ju...por favor, acredita nisso. -disse
chorando
Chay: Prostituta, Melanie?
Mel: Me perdoa? – disse chorando
Sophia: Melanie, você tinha que ter contado a verdade.
Mel: Eu tentei...eu...tentei diversas vezes. Mas eu tive medo. Eu tive
medo do Doutor me mandar embora, eu não iria suportar. Eu amo ele, as crianças,
fazer parte da família de vocês
Chay: E o que você acha que vai acontecer agora?
Mel: Não faz isso, por favor
Chay: Eu não consigo acreditar que você fez isso. Depois de tudo o que
vivemos. Meu Deus, como eu pude me enganar tanto?
Mel: Não, não fala assim – disse tentando me aproximar, mas ele se
afastava
Chay: Eu demorei tanto tempo, para me permitir a amar, e pra que? Para
você brincar com os meus sentimentos?
Mel: Não, não, eu juro que não.
-disse chorando
Chay: Você é a minha maior decepção
Mel: Não, não diz isso – disse chorando desesperada
Chay: Eu te entreguei a minha casa, os meus filhos, pior, eu te
entreguei o meu coração. Eu te dei todo o amor do mundo. E você mentiu para
mim?
Mel: Doutor, eu te imploro, por favor, me escuta, deixa eu me explicar?
Chay: Não tem explicação, Melanie. Não tem
Mel: Eu te imploro, por favor. Eu, eu não podia continuar sendo
prostituta, eu não queria essa vida. Eu aceitei o plano da Vicky sim, mais eu
não imaginava, que ao chegar aqui, me apaixonaria pelo senhor. Que amaria as
crianças, como se fossem minhas. Que amaria sua família. Me esculta, por favor
Chay: Não toca em mim, eu já falei...não toca em mim
Mica: Chay, calma
Mel: Mica, Sophia, me perdoem? Por favor, eu imploro. Eu juro, eu juro
por tudo que é mais sagrado, eu fui a pessoa mais feliz do mundo, aqui. Eu amo
vocês de verdade. Tudo o que eu senti, foi verdadeiro, foi puro.
Sophia: Melanie, esta difícil acreditar em algo agora...É um choque
muito grande.
Mica: Eu não esperava isso de você. Sempre tão doce, tão gentil, tão
menina... não mesmo Melanie
Mel: Doutor – disse me aproximando
Chay: Se afasta, Melanie. Aliás, vai embora.
Mel: O que a Vicky disse...é verdade? É verdade que nosso casamento não
é valido?
Sophia: Eu acho que ela tem razão, Melanie
Mel: Não – disse chorando arrasada
Chay: Eu não sei o que é pior. Ser casado com Vicky, ou com você - disse
me olhando furioso
Mel: Não me olha assim, não, por favor – disse chorando arrasada
Chay: Minha vontade é de te matar, Melanie. – disse me pegando pelo
braço e me balançando
Mel: O senhor está me machucando – disse chorando
Mica: Para Chay, solta ela – disse tentando me tirar das mãos dele
Sophia: Chay calma – disse tentando segurar ele
Chay: Fala pra mim, o que mais, o que mais está escondendo? – disse
ainda me segurando pelo braço, ele me balançava com tanta força, que eu perdia
os sentidos
Mel: Para...e...o...senhor ta me machucando
Sophia: Chay, para, para pelo amor de Deus
Mica: Ei, calma, calma cara. Você está machucando ela – disse me tirando
de perto do Doutor
Chay: A minha vontade é de cometer uma loucura -disse virando de costas
e respirando fundo
Sophia: Chay, pelo amor de Deus, calma
Mel: Doutor, acredita em mim? Por favor.
Chay: Para, chega, chega de mentir, senão eu vou enlouquecer
Mel: Eu amo o senhor. Por favor, me escuta? Olha nos meus olhos,
acredita -disse me aproximando dele, e ele segurou meus braços novamente
Chay: Sabe o que é pior, Melanie? É olha nos seus olhos, que parecem tão
sinceros, e saber que foi tudo mentira. Que você é golpista
Mel: Não, eu não sou
Chay: Vai fala, fala quantas vezes mentiu pra mim? O que mais está
escondendo? – disse me empurrando no sofá
Mel: Eu nã....Doutor, me perdoa?
Chay: Sai da minha frente Melanie, antes que eu cometa uma loucura.
Mel: Não, eu não vou
Chay: Eu...Melanie, o que eu sentia por você, morreu. Agora some da
minha frente
Mel: Doutor, eu te imploro, eu te imploro, por favor. Eu te amo – disse
desesperada
Chay: Eu nunca vou te perdoar, Melanie. Não vai sair? Eu te tiro então.
– disse me pegando pelo braço e me arrastando para fora
Mel: Para...para, para....Doutor, por favor – disse chorando
Sophia: Chay você está machucando ela.
Mica: Chay, para, deixa, ela vai embora. Solta a Melanie
Chay: Ela vai, vai sim. E vai agora
Mica: Solta ela, me escuta cara? -disse tentando me tirar das mãos dele
Ele abriu o portão e me colocou para fora
Chay: Some da minha frente, Melanie – disse fechando o portão
Eu sai, andando, chorando, e segurando aquele imenso vestido. Fui para o
terminal de ônibus e todos me olhavam, uma noiva, arrasada.
Sentei em um banco que tinha perto da fila do ônibus.
Motorista: Moça, está tudo bem? O ônibus já vai sair, você não vai
entrar?
Mel: O senhor pode me dar uma carona? Eu estou sem dinheiro.
Motorista: Tudo bem, vamos?
Agradeci e entrei, algumas pessoas me olharam, e eu sentei e fui olhando
a noite, o relógio do farol apontava quase 1hs da madrugada.
Eu chorava, chorava tanto. Eu não acredito. Que o dia mais lindo da
minha vida, terminou desse jeito.
Eu não acredito que eu perdi o homem que eu amo.
Cheguei na Vila depois de algum tempo, e fui direto para casa de Dona
Vera
Mel: Abre a porta, abre por favor – disse socando a porta
Vera: Já vaaaai
Mel: Abre, abreeee – disse chorando desesperada
Assim que ela abriu, tomou um susto
Vera: Melanie?
Lua: A senhora disse Melanie? – disse aparecendo correndo
Vera: Melanie o que aconteceu?
Mel: Ele descobriu toda verdade – disse chorando
Lua: Que? Como assim?
Mel: Ela voltou Lua, ela voltou, e contou tudo
Lua: A Vicky voltou?
Mel: Lua foi horrível. Ele me odeia.
Vera: Minha menina -disse abraçando
Mel: Eu o perdi, perdi ele, Dona Vera
Lua: Senta, vou pegar um copo dágua pra você
Mel: Ela contou tudo, ela contou que...que eu fui prostituta, ela contou
que eu menti todo esse tempo
Vera: Meu Deus, ele deve estar arrasado
Lua: Como essa desgraçada descobriu?
Mel: Ela disse que viu, nas redes sociais de Sophia..eu não sei....eu
só...Lua ta doendo muito
Chay Narrando
Eu não tinha forças para ficar em pé.
Minha cabeça estava explodindo.
Assim que ela foi embora, eu subi para o meu quarto
Sophia: Chay, espera, onde você vai?
Chay: Sophia, me deixa em paz. Me deixa quieto – disse subindo
Entrei no meu quarto, e olhei tudo em volta. Estava tudo decorado para
nossa lua de mel.
Tranquei a porta e senti no chão, e chorei
Meu Deus, eu desabei.
Estava doendo tanto, tanto, que eu não estava suportando essa dor.
Vicky está viva, sempre esteve. Ela nos abandonou e foi curtir sua vida.
Melanie, minha menina, minha doce menina...não era nada do que eu
imaginava. Vicky não satisfeita de ter me abandonado com nossos filhos, ainda
manda Melanie para minha vida.
Como eu pude ser tão idiota? Como eu pude me apaixonar por uma
prostituta. Como eu pude acreditar, que ela me amava?
Doía, doía tanto. Eu não conseguia acreditar, não conseguia aceitar.
A noite se passou, e o dia amanheceu. E minha cabeça estava a mil. Eu só
consegui ficar pensando, pensando, em tudo. Tudo o que elas falaram. Tudo o que
armaram contra mim. Eu ainda estava sentado no chão, observando toda a
decoração do quarto. Era para ter sido o dia mais feliz de nossas vidas. E
acabou sendo o mais trágico...
Mel Narrando
Depois de ficar muito tempo na Dona Vera, subi para casa, e fiquei na
minha cama, chorando. Estava doendo tanto, tanto. Tudo o que eu queria era
poder voltar ao tempo, contar a verdade, tudo o que eu queria era estar ao lado
dele. O dia amanheceu e eu estava ali, sofrendo. Rezando para que Deus tocasse
no coração dele, e que ele me perdoasse.
Lua: Posso entrar?
Mel: Sim
Lua: Como você está?
Mel: Lua, eu preciso falar com ele. Eu preciso me explicar
Lua: Agora não é o momento, Mel. Você ainda não trocou de roupa? – disse
me olhando com o vestido de noiva
Mel: Eu não consigo...eu...Lua, eu preciso dele
Lua: Mel...eu imagino o quanto deve estar doendo. Está doendo em mim, na
mamãe. Nós acompanhamos tudo né? Sua chegada aqui, o amor de vocês nascendo. A
felicidade de vocês...Mas agora, você precisa tentar entender, que para ele,
foi um choque muito grande. Ele precisa de um tempo.
Mel: Eu amo ele. Eu juro, eu juro que se eu pudesse, eu teria feito
diferente
Lua: Eu sei, eu sei, meu amor. Mas já está feito. E agora, ele precisa
processar, tudo o que aconteceu. Eu tenho certeza, que ele te ama. Que ele vai
te perdoar
Mel: Lua, eu vi, eu vi o olhar de decepção dele. E doeu tanto. – disse
chorando
Lua: Você precisa tomar um banho, comer algo
Mel: Não, eu não quero. Tudo o que eu quero, é ver ele. Tudo o que eu
quero é poder me desculpar
Vicky: Ele nunca vai te perdoar – disse entrando
Mel: Vicky? – disse levantando
Lua: Então você é a famosa capeta?
Vicky: E você é a minha irmãzinha que o Max sustenta?
Lua: A própria, muito prazer
Vicky: Sai garota, que meu papo é com essa vagabunda ai
Lua: Quem você pensa que é, para chegar na minha casa e falar assim?
Vicky: Você não faz ideia de quem eu sou
Lua: Faço sim. Uma safada, que abandonou o marido e os filhos, para ser
mercenária.
Vicky: Garota, não me tira do sério. Porque eu não estou nos meus
melhores dias.
Lua: E eu vou fazer ficar pior, se você não for embora
Mel: Lua, deixa...deixa
Lua: Mel -disse indignada
Mel: Está tudo bem
Vicky: Vaza
Lua: Qualquer coisa me chama
Mel: Tá bom
Ela saiu e fechou a porta
Mel: O que você quer?
Vicky: Você ainda pergunta?
Fiquei em silêncio e nos encaramos
Vicky: Como eu pude confiar em você?
Mel: Você não tinha outra escolha
Vicky: Você não passa de uma vagabunda. Eu te dei a chance de ter uma
vida melhor
Mel: Como eu poderia imaginar, que iria me apaixonar pelo seu marido?
Vicky: Você deveria ter me contado toda a verdade. O que mais, o que
mais escondeu de mim?
Mel: Tantas coisas – disse chorando
Vicky: Bem que o Max dizia, que eu não podia confiar tanto assim nele
Mel: Mas ele também mentiu. Ele também mentiu para você
Vicky: Do que está falando?
Mel: O Max mandou Jorge pra cá. Para ficar me infernizando, e para
assaltar a casa do Doutor. Aqueles quadros que uma vez você comentou que Max
tinha ganhado de um cliente, na verdade são do Doutor. De quando eles assaltaram
a casa e nos fizeram de reféns
Vicky: Como você me escondeu uma coisa dessa, sua desgraçada?
Mel: Quando Bella sofreu o acidente e correu risco de perder a memória,
foi por culpa do Jorge. Aliás, culpa do Max, que mandou ele pra cá. Vicky,
aconteceram tantas coisas, tantas coisas que eu não te contei. Tantas coisas
que eu preferi não contar, por já estar envolvida demais com ele.
Vicky: Eu deveria imaginar, você estava tão feliz com esse emprego. Eu
devia ter percebido.
Mel: Vicky, eu juro, que eu tentei. Eu tentei de todas as maneiras, eu
pensei em desistir de trabalhar lá, diversas vezes. Porque eu já estava
completamente louca por ele
Vicky: Ele é meu marido. E você era a BABÁ. Eu te mandei para cá, para
cuidar dos meus filhos. E não para seduzir o MEU MARIDO.
Mel: O marido que você abandonou
Vicky: Mas agora eu decidir ter de volta.
Mel: O quê?
Vicky: Eu voltei para recuperar tudo o que É MEU.
Mel: Era seu
Vicky: Nunca vai deixar de ser. Esse casamento de vocês não tem
validade, eu estou viva. Ele continua casado comigo. E eu vou fazer de tudo,
para ter a minha família de volta. Nem que para isso, eu precise destruir tudo
e todos, que entrarem no meu caminho.
Mel: Você não pode fazer isso. Eu amo ele – disse chorando
Vicky: Não, não, você não vai amar ele.
Mel: Você não tem direito de dizer quem eu posso, ou não amar.
Vicky: Tenho! Tenho sim! Porque eu não vou deixar o meu marido, ficar
com uma prostituta. E tão pouco, os meus filhos, te terem como madrasta. Você é
uma vagabunda. É uma prostituta. Nunca, que o Chay te querer. Ele vai voltar
para mim, para o grande amor da vida dele.
Mel: Eu não sou prostituta. Não sou – disse chorando
Vicky: É, e agora ele e todos sabem disso. Você acha mesmo, que ele vai te
querer como mulher? Agora que sabe que você já dormiu com outros homens por
dinheiro. Que foi puta de luxo do Sr. Kovalski, e que mentiu para ele, acha
mesmo? Sabe por que ele ficou com você? Para tentar me esquecer. Mas agora que
eu voltei. Ele não vai mais querer saber de você. Aliás, ele deve estar te
odiando, não é mesmo? – disse rindo
Mel: Você não tinha esse direito – disse chorando
Vicky: Tinha, é claro que eu tinha! Tenho! Você só saiu daquele bordel,
graças a mim.
Mel: Vicky...eu...eu amor o Doutor – disse chorando
Vicky: Eu acho melhor você ir tirar esse vestido, e cair na realidade.
Porque seus dias de princesa, acabaram - disse saindo
Vicky Narrando
Saí da casa daquela vagabunda e chamei um taxi, enquanto esperava,
fiquei olhando algumas coisas no celular, até que alguém me interrompeu
Vera: Então você é a mulher, que virou a cabeça do meu filho?
Vicky: Então é você a mãe do Max?
Vera: Pra você, é senhora
Vicky: Como é mesmo seu nome, senhora?
Vera: Vera
Vicky: Muito prazer
Vera: Não posso dizer o mesmo. Onde
está o meu filho?
Vicky: Ele ficou na Espanha, mas não irá demorar muito para vir ao
Brasil. Aquele ali faz tudo o que eu quero. Tenho certeza que não aguentará
ficar muito tempo sem mim.
Vera: E por que você voltou?
Vicky: Não é da conta da senhora
Vera: E o que quer com a minha menina?
Vicky: Você diz a prostituta lá em cima? Eu só vim dar um recadinho
Vera: Não fala assim dela
Vicky: Ah por favor velha, eu falo como eu bem entender. Eu devia ter
deixado o Max assumido o controle, e ter feito dela uma grande prostituta.
Maldita hora que eu a mandei para o Brasil
Vera: Você é uma pessoa desprezível. O que fez com Doutor, e as crianças
não tem perdão.
Vicky: Aquele homem é louco por mim. O que ele sentiu por essa
vagabundinha de quinta categoria foi apenas um encanto. E encantos passam. –
disse entrando no taxi assim que ele encostou.
Chay Narrando
Eu não tinha forças para respirar. Literalmente não tinha. Doía, cada
pedaço de mim, cada fio de cabelo. Doía da cabeça aos pés. E era uma dor
horrorosa. Monstruosa. Doía de dentro pra fora. De fora para dentro.
Eu pensava em Melanie. Em tudo o que senti, em tudo o que ela me causou,
desde que entrou por aquele portão, pela primeira vez. De tudo o que ela
despertou em mim...De todos os momentos felizes. De como foi bom se sentir amado...E
agora, descobrir que foi tudo uma mentira.
Fui para o banheiro, liguei o chuveiro, tirei minha roupa e entrei na
água, eu não tinha forças para me lavar, só deixava a água cair, junto com as
minhas lágrimas. Junto com minha dor.
Meu Deus, está doendo tanto, que eu estou suplicando, me ajuda, eu estou
te implorando. Me faz acordar desse pesadelo. Eu sei, é um pesadelo. Só pode
ser. O senhor não deixaria algo tão cruel acontecer comigo. Eu só te pedi um
amor verdadeiro. Uma família. Por favor, me acorde desse pesadelo. Me leve de
volta a nossa festa de casamento, ao nosso momento mais feliz. Diz que tudo é
mentira. DIZ POR FAVOR, MEU DEUS!
Depois de muito tempo, tomei um banho e peguei meu celular. Olhei e marcava
13:26...e atrás tinha uma foto nossa, com as crianças. Nossa família. Bloqueie
imediatamente, coloquei no bolso e desci.
Sophia e Mica estavam na sala
Sophia: Ai Meu Deus, ainda bem que você desceu
Chay: O que estão fazendo aqui?
Mica: Nós achamos melhor, ficar aqui, com você
Chay: Eu vou sair
Sophia: Onde você vai?
Chay: Eu vou falar com ela. Onde está a chave do meu carro?
Mica: Chay, não é melhor esperar um pouco? Você ainda está bem abalado
Chay: Onde está a chave do meu carro? – disse procurando
Sophia: Chay escuta o Mica, você não está bem para dirigir
Chay: Sophia, me ajuda a achar a chave
Sophia: Está comigo, eu não vou te dar. Eu não vou deixar você dirigir
assim, Chay
Chay: Sophia eu preciso. Eu preciso ir falar com ela – disse gritando
Mica: Calma, Chay, você está muito abalado. Não pode sair assim
Chay: Micael, me dá a chave. Eu estou pedindo
Mica: Eu te levo
Chay: Eu não quero. Eu não quero caramba. Eu quero a chave do meu carro.
Eu preciso...Sophia, eu preciso. Por favor, me dá a chave?
Sophia: Chay por favor, nos escuta
Chay: Sophia, eu preciso. EU PRECISO - Disse chorando
Sophia: Calma – sussurrou
Chay: Diz que é mentira, por favor. Diz que ela me ama -disse chorando
Mica: Você precisa ser forte, meu parceiro
Chay: Mica, o que eu fiz? Pelo amor de Deus, o que eu fiz, para merecer
isso?
Sophia: Você é um homem maravilhoso. Por favor, deixa a gente cuidar de
você?
Chay: Sophia, ta doendo tanto...Tanto – disse chorando
Sophia: Eu sei, eu sei – disse me abraçando
Mica: Eu te levo, até ela
Concordei com a cabeça, e fomos para o carro dele
Sophia: Quer ir na frente?
Chay: Não – disse entrando atrás. Sentei e fui todo o caminho em
silêncio. Olhando a cidade. Meu Deus, que dia lindo. Era para estar curtindo nossa
lua de mel....E estou aqui, vivendo essa pesadelo
Chay: Meus filhos, onde estão?
Sophia: Lá em casa, com nossos pais. Eles estão bem, não se preocupe
Mica: Você precisa ser forte, novamente, por eles.
Chay: Agora, eu não sou capaz de nada
Depois de um tempo chegamos na Vila. E eu não tinha forças, para descer
do carro.
Sophia: Você tem certeza? Se quiser, podemos voltar outro dia.
Chay: Não...eu preciso ir – respirei fundo e descemos do carro.
Dona Vera, Lua e Matheus estavam na frente de casa e rapidamente se
aproximaram.
Lua: Chay – disse se aproximando
Sophia: Ele quer falar com ela
Vera: Que bom, que você veio, meu menino – disse se aproximando de mim,
mas me afastei
Mica: Chay – disse me olhando
Chay: Não toca em mim – disse a olhando
Lua: Chay, tenta entender
Chay: Eu...eu achava, que a senhora, gostava de mim.
Vera: Meu menino, é claro que eu gosto de você. Mas eu n...-a interrompi
Chay: A minha ex mulher estava com seu filho. Era por isso, que a senhora
me tratava com tanto carinho né? Era peso na consciência.
Vera: Chay, vamos entrar, vamos conversar – disse tentando se aproximar
e eu me afastei novamente.
Chay: Não toca em mim, por favor, eu já pedi
Sophia: Chay calma, ela é só uma senhora.
Lua: Chay, eu, a mamãe, a Melanie, temos um carinho enorme por você e
sua família. Vocês sempre nos receberam tão bem. Eu juro que é verdade. Mas nós
não podíamos contar sobre Melanie e Vicky se conhecerem. Tinham tantas coisas
envolvidas.
Chay: E eu podia fazer papel de besta? Diante de todo mundo? E você,
Matheus? Não vai dizer nada também?
Matheus: Chay eu não sabia. Eu sabia sim, que existia algo. Mas elas
nunca me contaram e eu preferi não me envolver.
Chay: Ah pelo menos um se salva
Vera: Não fala assim por favor. Todo o meu carinho por você e pelas crianças,
sempre foram verdadeiros. Todos os meus conselhos, todo o meu amor, de mãe,
sempre foi puro.
Chay: Vocês me engaram, me fizeram acreditar que Deus estava me dando a
chance de ser feliz. Dona Vera, eu acreditava na senhora, eu tinha a senhora
com uma mãe.
Vera: E eu te tenho como um filho
Chay: O seu filho é o Max, o homem, por qual a minha ex-mulher, me
abandonou com 2 filhos, para ir viver com ele.
Mica: Gente, ele está muito abalado. Ele precisa de um tempo. Não acham?
Vera: Eu sei o quanto está doendo. Está doendo em todos nós
Chay: Não, não está. Porque o enganado aqui, sou eu.
Vera: Eu vou te esperar. Para poder te dar aquele abraço gostoso, e te
encher de carinho. Dizer que é meu menino. E como é bom, ter sua visita.
Chay: Talvez demore muito tempo, para isso acontecer de novo. E se
acontecer.
Vera: Eu vou esperar. Uma mãe sabe esperar pelo filho
Chay: Eu vou subir
Lua: Chay, espera
Chay: O que foi, Lua?
Lua: Pega leve com ela. A Vicky já esteve aqui hoje, não está sendo
fácil.
Sophia: O que ela veio fazer aqui?
Lua: Acabar com a Melanie
Chay: Ninguém pegou leve comigo, Lua - disse subindo
Cheguei em frente a sua porta e respirei fundo. Abri lentamente e ela
estava deitada na cama, ainda com o vestido de noiva
Chay: Melanie
Mel: Doutor? – disse se sentando na cama
Nós nos olhamos.
Eu a olhei da cabeça, aos pés. E como ela estava linda. Mesmo com a
tristeza estampado em seu rosto. Melanie continua sendo a menina mais linda,
que já vi, em toda a minha vida.
Chay; Eu posso sentar?
Mel: Claro
Senti na ponta da cama e nos olhamos
Chay: Eu vim aqui, porque...eu precisava, te ver... precisava olhar nos
seus olhos. E tentar entender, tudo isso
Mel: Doutor – disse chorando
Chay: Eu acho que não suportaria, se o seu nome, não fosse Melanie.
Porque é tão lindo, tão doce...combina com voc...Aliás, combinava com a Mel, que
eu achava que conhecia.
Mel: Doutor, não há nada, que eu possa dizer, que justifique tudo o que
eu fiz, todas as mentiras. Mas se o senhor, puder, acreditar em duas coisas,
por favor. Acredita, que eu te amo. Que te amo com toda força possível, com
todo amor que há no mundo. E que eu amei, fazer parte da sua família, cada
minuto. Eu amo as crianças. Eu amei tudo o que vivemos. E tudo o que eu queria,
agora. Era estar com vocês.
Chay: Melanie, eu não consigo acreditar, que você fez isso comigo –
disse chorando
Mel: Tenta me entender, por favor. Eu queria sair daquela vida de prostituta.
E quando Vicky me contou tudo, eu achei o maior absurdo do mundo, mas eu
aceitei, porque era a única maneira de me livrar daquele bordel. Mas nem nos
meus melhores sonhos, eu poderia imaginar que me apaixonaria pelo senhor.
Chay: Agora tanta coisa faz sentido. Quando não queria que eu pegasse
seu celular, quando me perguntou o que eu faria se Vicky estivesse viva...tantas
coisas.
Mel: Tudo tomou uma proporção, maior, do que eu poderia imaginar. Saiu
do controle.
Chay: Você nunca pensou, em me contar, Melanie?
Mel: Diversas vezes. Mas eu tinha medo. Medo de te perder. – Disse chorando
Chay: Está doendo tanto Melanie.
Mel: Eu só posso te pedir perdão – disse chorando
Chay: Não dá, Melanie. Não dá.
Mel: Eu não queria que fosse assim
Chay: Sabe, quando você chegou. Eu tentei controlar, de todas as maneiras,
o que eu estava sentindo. Eu tentei evitar. Mas você parecia sentir o mesmo que
eu. E eu estava ficando fascinado. E quando eu te beijei, pela primeira vez...Melanie,
foi como se eu me sentisse vivo, pela primeira vez. Você despertou em mim,
coisas que nenhuma mulher despertou. Melanie, eu fui mais feliz nesses 5 meses,
mais do que fui em toda a minha vida. Eu via amor no seu olhar. E agora saber que
tudo é mentira, está doendo demais
Mel: Não, não é mentira. Doutor, eu te amo. Eu te amo. Por favor, acredita.
Chay: O que mais está escondendo de mim?
Mel: Tem algumas coisas ainda – disse chorando
Chay: Melanie – disse indignado
Mel: Doutor, me desculpa?
Chay: Por que você fez isso comigo, Melanie? Eu fui tão sincero com você
Mel: Doutor, eu era uma menina, que estava em um país estrangeiro, com
medo, e tendo que me prostituir...eu não queria essa vida. E quando eu cheguei
na casa do senhor. Eu quis tanto, tanto, fazer parte de tudo. Tanto estar ao
seu lado. Cuidar das crianças, do senhor.
Chay: Eu confiava tanto, em você
Mel: Me perdoa? – disse chorando
Chay: Eu não consigo, Melanie
Mel: Eu te amo
Mel: Agora, que o senhor sabe de toda a verdade. Pode me responder, o
que eu lhe perguntei um tempo atrás. O senhor ainda me ama, sabendo que Vicky,
está viva? – Disse chorando, eu a olhei, e ela estava arrasado
Chay: Melanie, diferente de você. Eu nunca menti, eu sempre te amei. E por
mais que esteja doendo agora, e está doendo justamente por isso. Porque eu te
amo.
Mel: Doutor – disse se aproximando
Chay: Não, por favor, não chega perto
Mel: Me chama de sua menina?
Chay: Você não é mais a minha menina, Melanie
Mel: Não, não, por favor, não diz isso – disse entre soluços.
Chay: Você destruiu, o que eu tinha de mais lindo. O meu amor, por você.
E Melanie, eu nunca irei te perdoar.
Ela desabou, simplesmente desabou. E se aquilo era mais uma ceninha
dela, ela pode ganhar um Oscar.
Mas, se por um minuto, ela falou a verdade. Se um dia ela realmente,
sentiu algo por mim, agora ela sabe que me perdeu, para sempre.
Chay: Vou indo
Mel: Não, não vai, por favor, eu te imploro, não vai – disse levantando
rapidamente e me segurando
Chay: Melanie me sol...Mel, não me puxa, eu estou pisando no seu
vestido.
Mel: Fica, fica, deixa eu me explicar, deixa eu te fazer entender que eu
te amo. Eu te amor, me escuta, por favor – disse me segurando
Chay: Melanie, por favor – disse me afastando
Mel: Eu amo o senhor, mais do que a minha própria vida. Eu não posso
mais viver sem o senhor. Acredita, pro favor, acredita em mim.
Chay: Tchau Melanie
Mel: Doutor, Doutor, Doutor – disse me chamando
Eu a olhei e sai, respirei fundo e desci
Sophia e Mica estavam conversando com Dona Vera e Lua
Passei direto e entrei no carro. E eles logo entraram
Sophia: Como você está?
Chay: Quero ir embora
Mica: Como foi a conversa?
Chay: Eu não consigo acreditar, que fui tão besta assim
Mica: Eu vou te levar para casa, e depois preciso ir a delegacia. Mas eu
volto, logo, ok?
Chay: Não se preocupem comigo. Por favor, cuidem dos meus filhos.
Sophia, eles precisam de você
Mica: Eles precisam de você Chay
Chay: Mica, cuida deles para mim, por favor? Sophia, eu estou te
implorando
Sophia: Eu vou cuidar. Mas por favor, promete, que não vai fazer nenhuma
loucura?
Chay: Eu irei ficar em casa, eu juro...Eu quero ficar sozinho. Por
favor.
Mica: Eu vou te deixar em casa então. E levo Sô para ir cuidar das
crianças
Chay: Obrigado
Fomos todo o caminho em silêncio. Fui pensando em Dona Vera, em
Lua...nela...Em tudo. Meu Deus, como eu pude pensar que ela iria me amar? Uma
menina nova, cheia de vida, linda, atraente, e eu...um viúvo, até então, pai de
dois filhos, um cara desacreditado na vida. As lágrimas escorriam pelo meu
rosto. Mica e Sophia sabiam respeitar o momento e ficaram em silêncio. Chegamos
em casa, e eles pegaram suas coisas, e foram embora.
Fui até a cozinha, peguei uma taça e um vinho, voltei para sala, coloquei
uma música e fiquei pensando em tudo.
Meu Deus, isso é loucura.
Como a Vicky sobreviveu aquele acidente? Como foi capaz de sumir todos
esses anos?
Respirei fundo e tentei acalmar meus pensamentos
Eu olhava a taça de vinho e pensava em Melanie.
LEMBRANÇAS ON:
Cheguei em casa, em mais um dia de trabalho, eu estava tão cansado, que estava
rezando para os meus anjinhos já estarem dormindo, porque não irei aguentar
brincar com eles.
As luzes estavam apagadas, entrei e chamei por Melanie
Chay: Amor, cheguei
Mel: Huuuum até que fim – disse pulando no meu colo
Chay: Nossa, que delícia...Como você está cheirosa – disse a segurando no
colo
Mel: As crianças dormiram cedo, e eu decidi tomar um banho e ficar bem
cheirosinha para o meu amor
Chay: E eu amei
Mel: Mas, se o senhor quiser, eu posso tomar outro banho
Chay: E eu não sou louco de recusar – disse a levando para o sofá, sentei
e ela ficou no meu colo
Mel: Uma taça de vinho – disse me entregando
Chay: Olha só, já deixou tudo preparado
Mel: Sim
Chay: Você é demais, sabia?
Mel: E será que eu ganho um beijo, com sabor de vinho? – disse rindo
Chay: É claro que ganha – disse a beijando
Mel: O senhor está com uma carinha de cansaço
Chay: E estou...estava rezando para as crianças estarem dormindo. Porque
estou morto de verdade – disse rindo
Mel: Então vamos tomar um banho? Que eu vou fazer uma massagem bem relaxante
Chay: E isso quer dizer, que você vai dormir aqui, hoje?
Mel: Só se eu ganhar muitos beijos, agora, já
Chay: Você é a coisa mais linda que existe, sabia?
Mel: Eu te amo.
Segurei em seus cabelos e nos beijamos
LEMBRANÇAS OFF:
As lágrimas escorriam pelo meu rosto, e
eu não conseguia acreditar que tudo possa ter sido mentira.
Respirei fundo e peguei meu celular,
minha carteira e a chave do meu carro.
Rapidamente sai e fui até a casa de
Teresa
Cheguei depois de um tempo e ela
permitiu que eu entrasse.
Toquei a campainha e ela atendeu
Chay: Cadê, cadê a ordinária da sua
filha?
Teresa: Quê? Do que está falando?
Chay: Cadê a desgraçada da Vicky? Eu
quero falar com ela. Chama ela Teresa
Teresa: Você está maluco? Você bebeu? Esqueceu que matou a minha filha?
Chay: Ah então ela não apareceu aqui ainda?
Teresa: Do que você ta falando? Você
está maluco!
Chay: A sua filha está VIVA, Teresa. VIVA.
Teresa: Você está maluco. Está louco. O
que foi hein? Peso na consciência, por que se casou com a pirralha da babá?
Chay: Maluca está a sua filha. Que
forjou a morte, e virou mulher de cafetão
Teresa: Lava a sua boca para falar da
minha filha
Vicky: É verdade, mamãe – Disse entrando
Teresa: Victória – disse paralisada
Chay: Eu disse, que ela estava viva.
E de repente, ela caiu, desmaiada no
sofá
Vicky: Meu Deus, mamãe, mamãe, mamãe,
fala comigo – disse se aproximando dela
Chay: Você é tão irresponsável
Vicky: Chay me ajuda. Mãe, mãe fala
comigo
Chay: Quero mais que ela morra. Sempre
me infernizou – Disse saindo
Vicky: Chay ela é uma idosa. Mamãe acorda, acorda
O meu lado pessoal, não estava nem se importando com uma pessoa que me fez
tanto mal, durante esses anos.
Mas meu lado profissional, não me deixava ir embora, sem prestar socorros.
Porque médico é isso. É não ter julgamentos. É salvar vidas, de qualquer um.
Ladrão, policia, adolescente, traficante, bebê, idoso. Sem nem pensar no que a
pessoa é, apenas SALVAR.
Rapidamente a peguei no colo e desci para o meu carro e fomos para o hospital
Mel Narrando